MENSAGEM DO EDUARDO NASI

Minha mestra Tania me achou o Facebook e pediu pra eu ver este blog. Ainda perguntou se eu tinha muito trabalho e se poderia escrever umas palavras aqui.

Achei tudo muito descabido.

Primeiro, porque eu não sei usar o Facebook e sabe lá o algoritmo quantas mensagens perdidas tenho lá dentro, então já foi sorte eu ter achado esse alô da Tania. (Decidi que perder mensagens é falta de educação e prometi pra mim mesmo que vou aprender a usar tanto esse aí quanto o tal do Ligue-Ligue, que dizem ser um orkut com currículo, ou um currículo que fala com seus amigos, não entendi bem.)

Além disso, é descabido porque, não importa quanto trabalho haja, a Tania conquistou o direito de clamar por prioridade. Paro o que estiver fazendo pra atender um pedido. Mérito dela. Se não fosse pela Tania e pelas tardes de quarta que passei na Garatuja, eu não seria o que sou hoje.

E aí vem o maior descabimento de todos: por que eu? Por que uma mocinha ou um rapazinho que achou este blog deveria se inspirar em mim pra ir pra Garatuja? O que tenho eu pra motivar uma mãe a manter seu filho numa escolinha? Estou a quilômetros de ser um artista consagrado, passei da idade de ser promissor, tudo o que eu ganho com a minha arte são uns desenhos que fiz pra um livro uma vez e que me rendem royalties semestrais que mal ultrapassam os cinco reais. Não que eu ache que a Tania seja incapaz de dar seu empurrão para criar artistas de sucesso, porque eu tenho certeza de que ela pode, é só ver a artista fabulosa que ela mesma é. Só acho que eu não sou um exemplo a altura, ainda mais pra ser um dos primeiros a escrever no blog.

Quanto a mim, só posso garantir que não virei artista. No máximo, posso dizer há anos que pago minhas contas com um pouco de criatividade, o que é uma habilidade imensamente útil para pessoas que, como eu, não lidam bem nem com sangue nem com Excel. E que com certeza a Tania tem um pouco de culpa disso.

Mas a verdade é que, até hoje, não saio de cara sem um caderninho e umas canetas. Se vou ao supermercado, pode ser uma caneta preta. Mas mais do que isso já levo umas canetas coloridas. E aí, qualquer coisa que acontece, posso fazer uns desenhos. Se chego em casa demolido, desenho. Se a semana foi ruim, pinto. Outro dia, comprei massinha de modelar. E pode ser que não eu seja um artista e que só ganhe merrecas com a minha arte, pode ser que essa tal de arte não seja grande coisa, mas eu fico bem feliz com ela.

Até a próxima (porque é só a Tania me chamar que eu volto).

Eduardo Nasi